LENDA RURAL DE EQUADOR-RN- O CÃO DA FAVELA E A GUERRA DAS VAZANTES.


Em uma época remota na comunidade rural de Favela, no município de Equador-RN, vivia uma criatura mística, demoníaca e travessa, cuja missão era infernizar a vida dos moradores, criando contendas e ódio que alimentavam sua natureza maléfica. Nos períodos de longa estiagem, a luta dos agricultores pela sobrevivência intensificava-se, e cada pequeno terreno úmido, onde fosse possível plantar, era naturalmente disputado e protegido, como era o caso das vazantes.

No sítio, habitava uma senhora muito devota chamada Rosa, que vivia em intensa oração. Constantemente, ela recebia a visita do cão da favela, que a infernizava, narrando todas as maldades cometidas. Rosa repreendia e até mesmo exorcizava o ser. Em uma noite de seca extrema, o cão revelou que faria os agricultores, seu João e seu José, brigarem por causa de um barramento de açude.

Na manhã seguinte, o cão colocou seu plano em prática. Durante a noite, foi à várzea, pisoteou todas as plantações do senhor José e incutiu em sua mente que seu vizinho João era o responsável. Ao amanhecer, José confrontou o inocente João, sem compreender o que estava acontecendo. O ser corria até Rosa, dizendo que a briga estava prestes a acontecer, mas ela, sempre em oração, não dava atenção.

O roçado de seu José, repleto de melancias, tornou-se alvo do cão novamente. Ele bateu nas melancias, fazendo barulho ouvido a dois quilômetros de distância, insinuando que alguém estava roubando as frutas. Quanto mais irritados ficavam, mais o cão sorria, se divertindo com a contenda. Ele tentava incessantemente provocar uma briga séria entre os dois, buscando as últimas consequências.

A contenda evoluiu, resultando em uma séria discussão entre João e José, deixando-os intrigados para sempre. No entanto, graças às orações de dona Rosa, o caso não teve consequências mais graves. Feliz por ter realizado mais uma maldade, o cão da favela saiu dando várias gargalhadas em pleno sol escaldante no meio da caatinga.

 


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