O MITO DE MARTIM BOI E SUA FAMÍLIA

     


    Neste projeto de resgate das memórias, é impossível não recordar Martim Boi e sua família. Mas quem era ele? Por que nunca permanecia em um só lugar? O que carregava na misteriosa "trouxa" que equilibrava na cabeça? O que teria acontecido para que ficasse daquele jeito? E por que temia tanto ser fotografado? Perguntas enigmáticas, cujas respostas, se existem, provavelmente nunca serão completamente conhecidas.

    Lembro-me nitidamente da casa de sua família, localizada próximo à Rua do Cemitério. Sempre senti um misto de receio e curiosidade em relação a Chiquinha, Craúna e Chico Boi, mas, por outro lado, tinha um certo apreço pelo jeito mais amável de Inês.

    Martim Boi vagava pela caatinga, como se pertencesse mais à paisagem árida do sertão do que a qualquer lar fixo. No chão de terra seca, desenhava aviões na areia, cantarolava melodias, tocava um vialejo ou uma gaita e imitava sanfoneiros. Quando chegava à cidade, bastava-lhe um pedaço de pão doce e um copo de água gelada.

    Segundo relatos, sua família, conhecida como "família Boi", apresentava certas condições peculiares, possivelmente em razão do grau de parentesco entre seus pais.

    Martim Boi faleceu solitário, às margens de um açude. Ninguém sabe ao certo se foi vítima da picada de uma cobra ou de um mal súbito. Seu fim, assim como sua vida, permaneceu envolto em mistério, alimentando ainda mais o mito em torno de sua figura.


Um comentário:

  1. Parabéns @e-Edivanaldodantas pelos excelentes registros da nossa história.

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