EQUADOR-ELIZIANE BALDUÍNO



 Equador-por Eliziane Balduino 


E as memórias me chamam

Me imploram pedindo uma narração

De cada recanto desse paraíso

Cada via, era uma artéria do meu coração.


Quando painha parava em João Galo

Colocar a prosa em dia era sentença.

A ansiedade tomava conta,

E a demora se tornava imensa.


E a festa começava ainda na estrada

Que do alto já se dava para ver

O telhado das casas, o sobrado,

Chegando na ponte de Maria Pê.


A vontade de chegar era um mundo,

Mas ali na entrada tinha uma parada.

A corrente do posto era o passaporte

Nenê do posto com sua risada.


Bem ao lado, outra paradinha,

Ter a benção de Homero e Isaura 

Um Papinho com Sr. Mariano,

Já na chegada, alegria exaura.


Arquitetura que era a história,

Prédios, bodegas, esquinas,

Sinucas, igrejas, açougue, mercado,

E o nobre sobrado de Generina.


Mas a casa estava logo ali,

E o carro enfim parava.

Nossa casa, humilde, feliz

De braços abertos nos esperava.


E no boca a boca,

No disse me disse da cidade,

A notícia se espalhava,

Já chegavam as amizades.


Meu pai logo ia às ruas,

Cada esquina dava uma assembleia.

Os amigos reunidos,

Prosa, riso, negócios, tanta ideia.


E a gente eufórica, rica

De vivências, vaivém.

Desenhava a natureza

De quem nos queria bem.


Nós trazíamos na bagagem

Amor, carinho, alegria.

Pra distribuir com todo mundo

Durante aqueles áureos dias.


Como esquecer os detalhes

De tanta coisa vivida.

O barulhar das pedrinhas,

No chão, nas mãos, na partida 


E o balanço da rede,

Os voos nos levavam ao alto.

Brincar de patins na praça

E de beijoca, ah! Que barato!


Eu sinto forte em meu rosto

Os pingos doces nos banhos de inverno

Arrodeando o mercado,

Raios, trovões, quanto esmero.


E a voz de d. Cleonice

Ressoa no meu ouvido

Na difusora que espalhava

O anúncio, a morte, a notícia, um mito.


O fim da tarde orquestrada

Por um concerto sem igual

Pelo relinchar dos jumentos

Que som ímpar, sensacional!


E quem não caiu no poço,

Esperando alguém tirar,

Era um jeitinho inocente

De aprender a beijar 


No largo da igrejinha,

Ou nos batentes da matriz

Namoro amizades, brincadeiras,

Aprendendo a ser feliz.


E as festas tão esperadas,

Carnaval, são João, são Sebastião.

Era uma preparação constante

Aperto no coração.


Quando o Natal chegava

Quão belas cestinhas havia.

Pedir festas, tradição

Receber com garantia.


Aderbal, Manoel Alfredo, Zé Marcelino,

Zé Alfredo, Zé Soares, Dodó, Chico Fumeiro, ou Granjeiro.

Oliveira, Liro Balduíno, João Viana, Ciço, Severino Marcelino, Zequinha sanfoneiro.

Davam festas: bombom, pipoca, chocolate e até dinheiro.


Ah! Como esquecer nas festas,

Tanta coisa boa que tinha.

Pavilhão, procissão, baile,

Namoro com força, top de linha!


E conhecer o cinema

Daquela forma tão peculiar,

Mexia o cérebro da gente,

Cabeça, corpo, mente, ar.


Levar a cadeira pro mercado,

Esperar ficar escuro,

A projeção na parede,

Meu Deus, aquilo era ouro. puro!


E aos domingos, que tradição.

Missa e feira na hora certa.

Pé. Raimundo e a cidade

Celebrando Equador completa.


E na igreja "dos crentes"

Tinha a escola dominical,

Minha vó Chiquinha e outros servos

No seu próprio ritual.


Essa cidade tem narrativa

Pra preencher todo o Geo.

Não há poema que cesse

O glamour , o doce mel.


Enfim, Equador, ecoo em pranto,

Clamo ao teu poder público meu grito.

Não permitam que mal te aconteça

Só te façam crescer, ser mais bonito.


Hoje Pãozinho de Açúcar,

Não menor para minha euforia,

Te entrego  meu amor aos montes

Nesse idílio, nessa poesia.


Numa saudade infinita, para meu EQUADOR!

15:09

Eliziane de Oliveira Balduíno

14/07/2018

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