No povoado de Tanquinho, conhecido por todos como Sítio do Pinga, há uma pequena capela situada no alto da serra, um ponto que desperta a curiosidade dos moradores e visitantes. Essa construção, singela mas carregada de significado, marca o local de um episódio trágico que se tornou parte da história da região.
A capela foi erguida no exato ponto onde, anos atrás,
encontraram o corpo de um jovem com deficiência chamado Geraldo, filho de Zé
Vicente. Geraldo era epiléptico e levava uma vida reclusa, raramente visitando
a cidade. Certo dia, seu pai decidiu levá-lo até o espaço urbano, talvez na
tentativa de integrar o filho a uma nova rotina. No entanto, diante do ambiente
desconhecido e tomado pelo medo, o rapaz fugiu na tentativa de retornar para
casa.
Sem familiaridade com o trajeto e desorientado, ele se
embrenhou na caatinga, que, na época, era ainda mais densa e inóspita. Os dias
se passaram e, apesar das buscas incessantes, apenas depois de um tempo
encontraram seu corpo naquele exato local. Acredita-se que tenha morrido de
fome e sede, sem conseguir reencontrar o caminho de volta.
Um detalhe sombrio marcou ainda mais essa história: quando o
corpo foi encontrado, alguns membros estavam ausentes, possivelmente devido à
ação de animais da região. Segundo relatos, pouco tempo depois do ocorrido,
Geraldo teria aparecido em sonho para um homem chamado Zé Primo — meu avô —
revelando os locais onde estavam as partes de seu corpo. Impressionado com a
visão, ele compartilhou a experiência, e a busca se reiniciou, levando à
descoberta dos restos mortais.
Como era costume cristão, o sepultamento de Geraldo foi
realizado no cemitério público da cidade. Para manter viva sua memória e marcar
o local onde foi encontrado, a comunidade ergueu a pequena capela,
transformando-a em um espaço de oração e respeito. Com o passar dos anos, a
história de Geraldo de Zé Vicente se consolidou como uma lenda local, carregada
de misticismo e fé, perpetuada pelas gerações que cresceram ouvindo sobre a
capela no alto da serra.
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