Em tempos remotos, quando uma grande seca assolava o sertão, os moradores do sítio enfrentavam dias de angústia e desespero. A terra ressequida, o sol impiedoso e a ausência de chuvas transformaram a região em um cenário de escassez e sofrimento, onde nenhuma fonte de água podia ser encontrada.
Diante da calamidade, a comunidade recorreu aos conhecimentos de um velho e sábio índio, que vivia nas redondezas e era conhecido por sua profunda conexão com a natureza. Respeitado por seu olhar aguçado e sabedoria ancestral, o nativo foi conduzido até a área em busca de um milagre.
Ao chegar a um local repleto de rochas pretas, o velho índio caminhou calmamente entre as pedras, observando atentamente o ambiente. Em silêncio, encostou o ouvido na superfície fria de uma das rochas e permaneceu imóvel por alguns instantes. Em seguida, ergueu-se com um olhar firme e declarou:
— Aqui tem água. Podem cavar!
Os moradores, exaustos e descrentes, se entreolharam com hesitação e dúvida. Como poderia haver água sob aquela camada espessa de pedra? Contudo, desesperados pela sobrevivência, decidiram confiar na palavra do ancião e iniciaram a escavação.
Com picaretas, pás e barras de ferro, os habitantes trabalharam incansavelmente. O sol castigava, o suor escorria, e a poeira da rocha se espalhava pelo ar seco. Mas, após longas horas de esforço, o improvável aconteceu: um jorro de água límpida e abundante emergiu da terra, surpreendendo a todos.
Aquele instante foi recebido com lágrimas e júbilo. O que parecia impossível tornou-se realidade, e a vida voltou a pulsar no coração do sertão. Desde então, o local se tornou uma fonte preciosa, garantindo água pura e de excelente qualidade não apenas para os moradores, mas também para os animais da região, mesmo durante as longas estiagens.
Até os dias de hoje, ainda é possível ver as marcas da escavação nas pedras, testemunhos silenciosos da luta e da esperança daquele povo. No leito seco do riacho, surgem veios de água cristalina, lembrando a todos que a natureza tem seus segredos e que a sabedoria dos antigos jamais deve ser subestimada.
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