LENDA RURAL DE EQUADOR: O CÃO DA FAVELA.

 Os mais antigos contam que, nos tempos em que o número de moradores do Sítio Favela era muito maior do que o da zona rural ao redor, um fenômeno inquietante perturbava a vida daquela comunidade. Dizia-se que uma entidade maligna rondava as casas durante a noite, espalhando medo e desordem entre os habitantes.

Essa entidade ficou conhecida como o "Cão da Favela", um nome que refletia sua natureza demoníaca e sua fama de tormento para os moradores. Suas travessuras maléficas eram diversas: jogava sal no café, espalhava cabelos na comida, misturava areia nos bolos e aterrorizava as crianças com aparições assustadoras. Além disso, muitos casais viam suas noites transformadas em pesadelos, pois a criatura parecia ter um prazer especial em infernizar as relações, causando brigas e desentendimentos inexplicáveis.

A presença do "Cão da Favela" se tornou uma constante no imaginário popular, e a população, assustada, tentava de diversas formas afastá-lo. Porém, foi apenas quando uma senhora profundamente religiosa decidiu enfrentá-lo que a lenda ganhou um desfecho marcante. Dizem que, numa noite de coragem e fé, ela aguardou pacientemente a aparição da entidade e, munida de um cordão de São Francisco, impôs-lhe uma severa surra. Após isso, o "Cão da Favela" desapareceu sem deixar rastros, e nunca mais se ouviu falar de suas artimanhas naquela região.

Com o tempo, a história virou parte do folclore local e, até hoje, quando alguém é fofoqueiro, intrometido ou vive perturbando os outros, é comum ouvir a expressão: “Lá vem o Cão da Favela!”. Assim, essa antiga lenda segue viva na memória do município, perpetuada pelas gerações que cresceram ouvindo sobre o temido espírito travesso que um dia assombrou o Sítio Favela.

 



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