Na semana em que nosso município faz 56 anos, o nosso blog entrevistou a professora Maria Zélia Batista Guedes. A Geografa foi a primeira que escreveu sobre nosso município. Veja a espetacular entrevista abaixo:
 Blog  Equador Entrevista

Profa. Zélia Batista Guedes
1. Qual a sua maior inspiração para escrever “Aspectos Gerais do Município de Equador”?

Fui motivada pelo amor que sinto pela minha terra, Equador, aliada à honra de ter testemunhado meus pais, José Batista de Oliveira e Honorina Guedes de Oliveira, se doando, trabalhando incansavelmente para nosso Equador. Ela na educação e Igreja católica e ele nos mais variados espaços do município, incluindo o trabalho com pessoas e animais.

“Aspectos Gerais do Município de Equador” foi o meu primeiro trabalho sobre nossa cidade, logo que iniciei o primeiro curso: Bacharelado em Geografia. É um trabalho que tem, essencialmente, as informações dadas por meu pai, José Batista de Oliveira, entre outras fontes, permitindo que eu escrevesse os primeiros registros da história e de outros dados de minha querida terra. O que para mim, foi uma honra.

2. Você escreveu outros trabalhos acadêmicos sobre Equador?    

          Sim. Meu olhar sobre Equador é científico, embora não consiga me afastar do valor sentimental que tudo representa para mim.               
Nos meus estudos, Bacharelado, Especialização e Mestrado, usei como corpus aspectos sociais e geográficos de Equador. Fiz da minha terra meu objeto de estudo.
Assim, produzi:

1) Monografia do curso de Bacharelado em Geografia, intitulada “O Caulim no município de Equador/RN”. 
2) Monografia do curso de Especialização em Geografia, sob o título “Modificações Econômicas e Produção do Espaço: o caso de Equador/RN”.  
3) Dissertação de Mestrado em Geografia. Esta teve o título “O papel das Aposentadorias e Benefícios da Previdência na Dinâmica Socioeconômica dos Municípios de Equador e Parelhas/RN”.

3. Você considera que a cidade mudou muito?

Sim. Em alguns aspectos como: crescimento populacional advindo,tanto pela vinda do homem do campo para a cidade, quanto com a chegada de pessoas de outras localidades, conduzindo ao aumento do núcleo urbano. Surgiram até bairros.
Lamentavelmente também chegou a droga ilícita, que tem afetado a todos, embora os jovens e suas famílias sejam os mais prejudicados.
Houve um aumento da oferta de serviços urbanos, apresentando inclusive, melhora da qualidade desses em alguns setores, a exemplo de mercadinhos, pousadas, restaurantes self service, lan house, entre outros.
A tecnologia chegou, mas não tem mudado a situação de pobreza, das desigualdades sociais. Essas continuam, embora tenham sido amenizadas através de programas de ajuda financeira, como o bolsa família, entre outros programas de governo.

4. Como você avalia o desenvolvimento de Equador?
Não há desenvolvimento. Considerando que o município é detentor de jazidas minerais e está inserido no mundo subdesenvolvido ou em desenvolvimento, o que há é um crescimento econômico, onde apenas alguns poucos se beneficiam desse crescimento. 
A maioria da população disso não participa, não é beneficiada.  
Segundo estudiosos, para acontecer desenvolvimento, é necessário que haja crescimento do produto, aliado a modificações nas estruturas que favorecem a população.  

5. Qual a sua maior frustração em relação à cidade?
A construção de uma torre modificando uma igreja quase centenária, aliada à retirada do sino da Capela da Fundação de Equador para a Igreja Matriz de São Sebastião. Na minha visão, essa atitude representa uma agressão desnecessária à memória e ao patrimônio histórico e religioso do nosso povo.
Entendo que, por desconhecimento do real valor dessas nossas relíquias, as pessoas tenham permitido tamanho dano ao patrimônio e memória do nosso município. 
6. Você considera que a nossa memória e cultura são preservadas?
Lamentavelmente não. O exemplo da Igreja Matriz, citado anteriormente, demonstra essa triste realidade.
É necessário que haja a preservação da memória no sentido mais amplo. E como isso seria possível? 
a) Mantendo-se as festividades, outrora tão valorizadas, e que precisam ser resgatadas. Falo das festas tradicionais e nordestinas: Carnaval, São Pedro, Natal, Ano Novo, anteriormente comemorados. As demais estão sendo comemoradas.
b) Respeitando aos feriados, fazendo-se alusão a essas datas na mídia, nas escolas, nas associações, entre outros espaços públicos, mas sem conotação comercial. É importante ensinar a nossas crianças e jovens que essas datas têm valor, têm representatividade, como Finados, Dia do Índio, dia do Trabalhador, dia da Consciência Negra, da Proclamação da República, dia da Independência. Quanta história pra contar...
c) Criando um memorial, em homenagem e gratidão aos que trabalharam nas bases de formação desse município, Equador;

Outras cidades, outros países preservam as suas memórias e muitas vezes vamos visitá-los para conhecê-los. Numa localidade inserida no semi-árido nordestino, como é Equador, essa preservação é fundamental, pela manutenção de nossas raízes culturais, históricas, religiosas, mas também como possibilidade, futura, de outra economia: o turismo. 
7. Uma saudade?
Meus amados pais José Batista de Oliveira e Honorina Guedes de Oliveira, suas lições, seus ensinamentos, seu afeto para com todos, seu respeito pela criação de Deus, sua fé em Deus, e seus feitos.
“Meus pais do meu coração
Que tanto bem me fazia
Me chamava todo dia
E me botava a benção
Hoje debaixo do chão
Na catacumba enterrado
Seu  filho ainda está lembrado
De quando a morte os levou
E a natureza tomou
Tudo quanto tinha dado”
               José Batista de Oliveira

8. Um  elogio?                                   

Minha admiração e respeito aos bravos Professores, Educadores de nossa terra, que, com amor e conhecimento fazem a diferença na educação do nosso município. Meu respeito aos demais profissionais,  trabalhadores formais e informais, grandes guerreiros da vida, que honram o seu trabalho e o desenvolvem com responsabilidade e maestria.   

9. Um desejo?
             Tenho vários...
1) Que o nosso município possa ter representantes tanto no legislativo, quanto no executivo e no judiciário, comprometidos com o bem-estar do povo, e com melhores condições de vida especialmente para os mais pobres.
2) Que sejam criados programas e práticas que funcionem com eficiência, sendo direcionados para a educação, saúde, segurança e transporte.
3) Desejo uma Câmara questionadora, que colabore com a gestão, no sentido de apontar soluções e cobrar ações. E que as melhores e mais adequadas soluções para o nosso espaço e nossa gente, sejam cumpridas.

Entendo que os desafios são muitos, considerando que, além de o município se localizar no Nordeste brasileiro, ainda está inserido no semi-árido nordestino onde há um estresse hídrico em conseqüência do abastecimento de água, que compromete o bem-estar das pessoas e as atividades cotidianas. Esse problema sozinho já seria mais do que suficiente para merecer a atenção de nossos governantes. 

4) Enfim, desejo que a população de Equador possa ter uma vida digna.
E como boa cidadã equadorense, acredito que um dia, não muito distante, muito do que muito desejo, e acho que não só eu mas toda a comunidade local, tudo seja diferente, seja muito melhor, afinal mais do que vontade de ver mudanças tenho FÉ em sua possibilidade de realização. 

Comentários

  1. Parabéns amiga Zélia a entrevistada como também aos entrevistadores.

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    Respostas
    1. Sim. Agradeço ao professor Edivanaldo pela oportunidade de novamente falar sobre minha querida terra.

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  2. A missão dada por Deus aos saem de sua terra Natal para obter fora a sua formação intelectual é a oportunidade de fortalecer o seu desenvolvimento moral, dividindo seu conhecimento com a sua comunidade, ajudando os mais frágeis a obterem, também, a oportunidade de progredir. Acredito que Zėlua esteja neste momento de sua vida, quando fez osoteabalhis acadêmicos e agira decide voltar a Equador e resgatar parte da história da cidade e compartilhá-la com os mais novos habitantes e visitantes.
    Muita luz minha amiga nessa nova etapa. E parabéns a Equador.

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