ORIGEM E EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE EQUADOR-RN(VERSÃO DOCUMENTADA) POR : Edivanaldo Dantas da Costa

 

No ano de 1856, o Rio Grande do Norte enfrentou sua primeira grande epidemia de cólera, uma doença devastadora que ceifou aproximadamente 2.563 vidas. Em meio ao cenário de medo e incerteza, um agricultor e fazendeiro chamado Simão Gomes, profundamente impactado pelas notícias veiculadas pelos meios de comunicação da época, fez uma promessa a São Sebastião, santo tradicionalmente invocado como protetor contra a peste, a fome e a guerra. Em sua oração, comprometeu-se a erguer uma capela em honra ao santo, caso sua família fosse poupada da terrível enfermidade.

Cumprindo sua promessa, Simão Gomes iniciou a construção da capela com o apoio de diversos proprietários de terras da região, que contribuíram com doações para viabilizar a obra. Esse gesto de fé e solidariedade não apenas fortaleceu a devoção a São Sebastião na localidade, mas também impulsionou o crescimento do povoado ao redor da capela. Segundo relatos orais, a localidade teria sido inicialmente chamada de "Povoado São Sebastião", porém essa denominação não se consolidou e não há registros oficiais que confirmem seu uso. Assim, a construção da capela não apenas marcou a paisagem local, mas também desempenhou um papel fundamental no processo de formação e desenvolvimento da comunidade que ali se estabeleceu. A existência de Simão Gomes é apenas comprovada em um documento (em anexo) que mostra a venda de uma parte de terras do Sítio Periquito de um suposto descendente de Simão Gomes a outro da mesma família.

Com o passar do tempo, ao redor da capela edificada por Simão Gomes, formou-se um pequeno povoado, que passou a ser conhecido como povoado ou povoação do Periquito. O nome tem origem em um sítio da região onde havia grande abundância do pássaro popularmente chamado de periquito-maracanã. O Sítio Periquito pertenceu a descendentes de Simão Gomes e depois a família de José Pedro de Maria, que se tornaria um dos principais articuladores locais, primeiro suplente de subdelegado e importante fazendeiro da época. Desde os primeiros registros históricos encontrados recentemente, o povoado já era identificado por essa denominação e pertencia ao município de Jardim do Seridó.

Em 20 de março de 1917, por meio da Lei nº 34, o município de Jardim do Seridó passou por uma reorganização administrativa, sendo dividido em quatro distritos, dentre os quais se criou o Distrito de Periquito. Esse novo distrito abrangia a população residente a oeste e ao sul do Rio Seridó e do Riacho Salgado. Ainda no mesmo ano, a intendência municipal de Jardim do Seridó determinou a alteração do nome do distrito para Equador.

Posteriormente, com a criação do município de Parelhas, por meio da Lei nº 630, de 8 de novembro de 1926, o Distrito de Periquito passou a ser denominado Povoado do Equador, sendo incorporado à nova divisão municipal. Mais tarde, o Decreto-Lei Estadual nº 603, de 31 de outubro de 1938, oficializou a criação do Distrito de Equador, mantendo-o como parte do município de Parelhas.

A origem do nome "Equador" tem diferentes explicações. Segundo a geógrafa Maria Zélia Batista Guedes, a denominação deriva da palavra "equação", fazendo referência à relação das águas do município com o estado da Paraíba, que atravessa seu território. Outra versão, relatada pelo ex-senador potiguar Doutor Ulisses Bezerra (in memoriam), sugere que a escolha do nome se deu devido à semelhança entre a designação do Sítio Quintos e a capital do Equador, país sul-americano.

O processo de criação do município de Equador contou com a atuação decisiva de três importantes figuras. O vereador José Batista de Oliveira foi responsável por apresentar um requerimento na Câmara Municipal de Parelhas, enquanto José Marcelino de Oliveira desempenhou um papel fundamental tanto no âmbito local quanto estadual. No contexto legislativo estadual, destacou-se o deputado Dr. Ulisses Bezerra Potiguar, autor do projeto que viabilizou a emancipação do município.

Finalmente, em 11 de maio de 1962, a Lei nº 2.799, sancionada pelo governador Aluízio Alves, oficializou a criação do município de Equador, desmembrando-o de Parelhas e estabelecendo sua sede na então vila de mesmo nome. Posteriormente, a Lei Ordinária nº 2.827, de 1º de janeiro de 1963, ratificou a legislação anterior, reforçando a emancipação municipal.

A independência política de Equador foi oficialmente concretizada em 17 de março de 1963, marcando o início de sua trajetória como unidade autônoma no estado do Rio Grande do Norte. Desde então, o município vem consolidando sua identidade política, econômica e cultural, tornando-se uma referência na região do Seridó potiguar.

 

Edivanaldo Dantas da Costa

Fontes:

https://tribunadonorte.com.br/tn-familia/de-uma-epidemia-de-colera-nasce-o-primeiro-hospital-em-natal/ Acesso 02/fev/2025

GUEDES, Maria Zélia Batista. “Aspectos Gerais do Município de Equador -RN.” Equador: 1981. 

FATOS DO RN : Lei nº 630, de 08/11/1926: Criação do município de Parelhas. Acesso 02/fev/2025

CASCUDO, Luís da Câmara. Nomes da terra: história, geografia e toponímia do Rio Grande do Norte. Natal: Fundação José Augusto, 1968. p. 179.

https://geoftp.ibge.gov.br/cartas_e_mapas/mapas_para_fins_de_levantamentos_estatisticos/censo_demografico_2010/mapas_municipais_estatisticos/rn/equador_v2.pdf. Acesso em 02/fev/2025

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Biblioteca IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2025. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html?id=34606&view=detalhes.Acesso em: 02 fev. 2025.

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